terça-feira, 27 de julho de 2010
Iemanjá
Três quartos da Terra pertencem ao mar. A sereia é dona do globo, das ondas e do ar... Aos apaixonados por esportes aquáticos, em especial o surf, o point certo está na Rua Harmonia – quase esquina com a Aspicuelta. O espaço tem nome sugestivo: Alma do Mar.
Trata-se de uma pequena galeria que reúne diversas formas de expressões artísticas referentes à vida marinha, além, claro, das mais variadas pranchas – que vem acompanhadas de um cartão contendo o histórico, inclusive sobre o nome dos surfistas que optaram pelo modelo.
Esculturas, pinturas, pôsteres e livros são alguns dos itens que recheiam as prateleiras. Há ainda chaveiros, miniaturas, reproduções fotográficas e tudo o que deleita os apaixonados pela cultura surf.
O bacana é que a rotatividade das exposições é acelerada, o que abre cancha para outros artistas – de várias partes do mundo, diga-se de passagem – terem suas obras expostas em lugar tão apropriado.
Existe um tentáculo no setor de shapes e skates com lançamentos e edições limitadas, além de uma coleção das primeiras tábuas com rodinhas existentes.
Rua Harmonia, 150 (www.almadomar.com.br)
sábado, 24 de julho de 2010
Galerias a Céu Aberto
‘Quebradas’, atalhos, vielas, confluências... Assim são os acessos na Vila, cheios de mistérios. Mas dentre todas as passagens, duas se destacam: os Becos do Batmã e da Vila (ou do Aprendiz, ou das Cores, ou simplesmente Beco...). Ambas vitrines da democracia e da expressão artística , abertas aos aventureiros de plantão – e aos adeptos do grafite de qualidade – têm pouco diferencial e muito em comum.
Pela antiga travessa do ‘homem-morcego’ nascem primaveras, pululam janelas de residências humildes, rolam filmes e fotos publicitárias. Talvez seja o local que mais traduza a essência da Vila, com ar de HQ, paralelepípedos e gente de boa fé. O grafiteiro ‘pulão 13’ estava lá, estampando na parede uma crítica ao artista pernambucano Homero Britto – puta sucesso nos EUA. “Ele se tornou muito comercial”, protesta.
A modelo posa para uma revista. Seguindo os passos na ‘gotham city’, uma família passeia ao cair da tarde. Mais adiante, a dançarina Tati Sanchez aproveita o cenário para fotos de um calendário. O grafiteiro ‘zezão’ aporta com a moto e topa uma imagem em frente ao painel (psicodélico) que pintou.”
Apenas algumas quadras separam o Beco do Batmã do Beco da Vila. Há cerca de 20 anos, este espaço tornou-se inicialmente uma área de convivência. Havia mesas de cimento fixas para jogos, como dama e xadrez, e o público-alvo eram pessoas da terceira idade. “Tudo era coberto com sape”, diz Rose, a proprietária do bar na esquina. “Mas começaram a chegar muitos indigentes e aquilo ficava parecendo uma lavanderia . Tinha roupa pendurada em todo canto.”
O jornalista Gilberto Dimenstein com sua escola-aprendiz deu o toque. Quadra de esportes e muito, muito grafite nas paredes das ruelas. Por lá acontecem shows, exposições, apresentações circense... Há uma homenagem ao cartunista Glauco e uma parede imortalizada por um grafiteiro que também já partiu. É simplesmente bárbaro percorrer esses dois becos, na Vila, e perceber que a vida não passa de uma história em quadrinhos.
Não foi à toa que escolhi uma foto do beco para ilustrar o blog.
Beco do Batmã: acesso pelas ruas Harmonia, Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque
Beco: Acesso pela rua Belmiro Braga
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Marketing
O bar dos cornos, que fica na esquina das ruas Belmiro Braga e Luiz Murat, nada tem de especial. Um boteco comum, simples, que serve prato feito para operários que trabalham nos arredores. O destaque fica por conta da estratégia de marketing criada pelo proprietário Nelson: um capacete ao estilo viking, com dois grandes chifres – além de uma cabeça de boi empalhada e vários ditados afixados na parede em alusão ao homem traído pela mulher. Não há um só transeunte que, ao avistar o tal objeto na cabeça de Nelson, resista a uma boa risada. É comum ouvir de motoristas e passageiros cumprimentos rápidos ao estilo: “Fala corno!”, “E aí corno?”.
“Sou um corno consciente e assumido. Desde que descobri que estava sendo traído resolvi usar este capacete”, diz, revelando que, hoje, é mais conhecido pelos chifres que pelo barzinho propriamente dito.
Maradona
As bandeiras do Brasil e da Argentina tremulavam na fachada. A expectativa era grande, principalmente após a eliminação do Brasil na Copa 2010. Antes do jogo contra a Alemanha ouvia-se de longe o bradar da euforia em reconhecido portunhol. Estou falando do restaurante Che, na Rua Harmonia, autêntico endereço da boa comida portenha.
Mas a derrota de quatro a zero para a seleção germânica não só arrefeceu os ânimos como imprimiu um semblante triste nas faces dos proprietários e consumidores imigrantes. “No sé lo que ha passado. Estoy descepcionado. Argentina jugó muy mal”, contestava o gerente Alberto. “Que vença o Uruguai.”
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Adeus Hexa
Desolação. Este sentimento pairava nos rostos dos torcedores que assistiram a derrota do Brasil para a Holanda na fatídica tarde de sexta-feira, 2 de julho. Enquanto alguns preferiam a solidariedade na dor, outros buscavam a solidão e o silêncio. O sorriso vitorioso dos jogadores no grafite da parede contrastava com a angústia dos que calaram o grito de gol.
COPA 2010
Nunca as cores da bandeira brasileira estiveram tão em voga. Calçadas, fachadas, toldos... A homogeneidade das tonalidades nos estabelecimentos comerciais traduz-se em verde e amarela. Até o táxi entrou no samba – e o taxista também.
O ufanismo durou pouco. Três vitórias, três dias de comemorações... E a derrota para a Holanda. Ficam as imagens da torcida... E as lembranças de junho, quando a esperança do hexa foi quase uma realidade para os brasileiros da Vila.
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