Chama

É sempre assim: no primeiro dia do ano as ruas da Vila ficam desertas, os estabelecimentos comerciais fechados e as exclamações dos poucos moradores que preferem passar a ‘virada’ no bairro soam em coro. “Ah! Se fosse sempre assim!”; “O trânsito está maravilhoso...”.   

Em busca de jornais, revistas e cigarros, percorri inutilmente as principais vias e a presença de pombos era a única companhia. Eis que, de repente, surge um improvisado churrasco sobre uma calçada qualquer. Figuras comuns no dia a dia do bairro reúnem-se para uma prosa, uma cerveja ou para não deixar a chama do agito se extinguir – nem mesmo por um único dia.

Laboratório

Passa-se em frente à loja de Ronaldo Fraga, na Aspicuelta, e as indagações são as mesmas: “Nossa, conheço este nome!!!”; “Deve ser tudo muito caro!”; “O que será que tem aí???”.

Pois bem! De todas vertentes do mineiro, que nem vale classificá-las (eu mesmo fui vítima de sua linha na tok stock), talvez o ponto na Vila Madalena traduza com mais precisão sua elaborada química: simplicidade + requinte. Imagina um quintal com pitangueira, jabuticabeira e outras árvores frutíferas. Some-se a isso um painel com retratos de cenas pessoais como o diploma do próprio pai.

“Antes, havia, neste painel, sua coleção de óculos, que foi obrigado a retirar após a parceria com a Chilli Beans”, diz a assistente multimídia Talita. Já viu as capas de caderno da Hallmark? São de sua autoria. “Temos um espaço no quintal, entre pássaros e plantas, aberto a exposição de artistas multiculturais. No momento estamos com a Fernanda Tricoli.”

O resgate cultural – e incondicional – estampa a coleção feminina, inspirada na MPB dos anos 1930. Noel Rosa capitaneia a tour, repleta de colombinas e pierrôs. Há braços nos segmentos masculino e para bebês – charmosos ao máximo.

Rua Aspicuelta, 259. (www.ronaldofraga.com)