domingo, 30 de maio de 2010

Equilibristas





Há sempre alguém no telhado. A fragilidade das telhas de cerâmica e, principalmente, de barro, exige cuidado e manutenção permanente. Basta um temporal mais forte para, no dia seguinte, avistar movimento sobre os tetos. Troca uma telha ali, faz um arremendo acolá... 'Gatos no telhado de zinco, nem da para acreditar!'

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cenas







Caminha-se pelas ruas da Vila atento a tudo. A cada esquina uma surpresa. São flores que se abrem, jardins que se revelam, decorações que mudam, lojas que reformam... E muitos, muitos objetos e cenas inusitadas. Uma escultura em latão sobre a carroceria, um portão repleto de frases poéticas, uma cadeira no terreno ermo, um pé de cenouras gigantes???? São tantas coisas!!!

Quitanda



Coincidência ou não, depois da matéria sobre as delícias do ex-sacolão – atual Quitanda –, saiu nota similar na Veja SP (Mistérios da Cidade) e, recentemente, o mercado foi pano de fundo para o comercial de um banco. Em resumo: ‘O local tá bombando!!!’. Só falta mesmo uma reposição decente do mix de produto disponível.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Metafísico



Quem vê seu Chico (Francisco José Rabaça), 59, bebendo a cachacinha matutina com limão ao lado do Cemitério São Paulo não imagina as histórias deste senhor sobre a Vila e especificamente sobre a necrópole citada. Desde criança, seu Chico empenha-se na preservação de túmulos, ofício que aprendeu com o pai – imigrante português que aportou no bairro três anos após a 2ª Guerra com mulher e quatro filhos. Chico foi o único a nascer no Brasil.
São Paulino roxo, é categórico em dizer: “Devo tudo ao cemitério”. “Já presenciei coisas aí dentro difícil de acreditar”. Entre as ‘coisas’ que testemunhou, algumas de arrepiar os cabelos. “Certo dia um casal de idosos veio visitar um túmulo. Ouvi um tiro e corri para ver o que sucedera. O cara tinha assassinado a mulher e em seguida se suicidou. Ambos despencaram sobre a lápide. Soube, depois, que a senhora estava com uma doença grave.”
São várias as histórias de suicídio e violência no Campo Santo. A última faz menos de um ano. “Uns integrantes dessa turma gótica, punk, esses que se vestem de preto e costumam invadir o lugar à noite, entraram em conflito. A briga foi feia. Quando chegamos lá, um rapaz com uma capa preta estava caído e sangrava muito. Parecia coisa do outro mundo. O ‘nego’ (ajudante) ficou ‘branco’ pela primeira vez. Chamamos a ambulância mais duvido que ele tenha sobrevivido.”
Seu Chico manca da perna e tem um braço com pouco movimento. Adotou uma criança que, hoje, adulto, casou-se e tem um filho. “É meu neto, minha alegria na vida, diz. “E todos trabalham no cemitério. Graças a Deus!”
“Tenho saudades da Vila, quando era mais tranquila. A iluminação era diferente. Quando menino, meu pai mandava para a cama depois do Repórter Esso (programa de TV). Mas quando faltava luz e acendíamos fogueira sob a Lua tínhamos permissão de ficar até mais tarde. Os vizinhos saíam de suas casa, ajuntavam-se e compartilhavam suas vidas.”
Fiz a foto de seu Chico com o cemitério ao fundo. Combinamos de registrar outras imagens lá dentro, no lugar das tragédias.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sentidos




O máximo a experiência auditiva, visual, olfativa e degustativa que rola esporadicamente no Quitanda (ex-sacolão). O antigo – e popular – menu exclusivamente oriental mudou-se para a Rua Aspicuelta, ali pertinho. Em seu lugar, um trio gastronômico de encher os olhos – e a boca.
O farto pastel é servido logo na entrada, sempre acompanhado do suco do dia que, por ser feito com frutas da estação, sai baratinho. Subindo a escadaria chega-se ao restaurante cuja panorâmica são os vistosos legumes e frutas do sacolão propriamente dito; e os consumidores que escolhem os produtos sem nenhuma pressa.
A novidade é a banda instalada no centro do estabelecimento que toca de tudo, desde jazz até chorinho. O ato de comer no restaurante observando toda a dinâmica dos acontecimentos é uma experiência maravilhosa. Pena que não acontece sempre. Rua Medeiros de Albuquerque, 352.