sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Responsibility




  
 




A construtora Idea!Zarvos abriu recentemente a Galeria Idea! Zarvos, na esquina da rua Harmonia c/ Madalena, na Vila Madalena. As maquetes de futuros prédios inspiram. O m2? R$ 13.470. No bairro ainda é possível conviver com uma arquitetura secular, pequenas casas, revoadas de pássaros e o verde necessário. 
Há prédios projetados por Isay Weinfeld e outras feras, que, na proposta estética, incluem a busca por soluções urbanísticas e sustentáveis como a preocupação com o entorno.

Acontece que a própria Galeria Idea! Zarvos não está cumprindo a proposta. A poucos metros da casa existe uma pequena área verde, a Praça José Afonso de Almeida, em pleno processo de degradação. Não há lixeiras decentes e o paisagismo está em declínio. A restrita arte vem do Projeto Aprendiz, com os fragmentos de azulejo em bancos e postes.

O resultado é um cenário de abandono que não combina com a estética que a Zarvos propõe.  

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Trincheiras









Há tempos um grupo de moradores, comerciantes e investidores da Vila Madalena reúnem-se para discutir e propor soluções para o Bairro. Liderados pela arquiteta Raquel Rolnik (docente da FAU/USP), eles criaram oficinas onde debatem questões ligadas à verticalização, tombamento, enchentes, conflito de usos, moblilidade, arte e apontam possíveis saídas. O movimento ganhou força na reunião de 11/11/2012, quando cartazes foram divulgados na região.

As discussões interessam principalmente aos donos de pequenos imóveis que acompanham desconfiados o surgimento de vários edifícios de luxo. Até mesmo os apartamentos do BNH, na Rua Delfina, triplicaram o preço.


O adensamento – agravado pelo caráter boêmio do bairro –, que despejou frotas de veículos, inclusive ônibus, pelas estreitas ruas levou o grupo a disseminar o conceito de ‘gentileza urbana’ para pedir aos motoristas mais tolerância, já que o problema do trânsito é de âmbito civil, não militar. Nesse ponto existe a reivindicação de calçadas mais largas. 

O avanço da verticalização divide opiniões. Há os que defendem a paralisação imediata da construção de prédios e os que pedem um Plano de Bairro, com diretrizes de planejamento urbano. Todos concordam que as transformações do bairro não estejam atreladas à especulação imobiliária.

O que se pretende é chegar a uma equação que conjugue a identidade da Vila, caracterizada por casinhas, vielas, árvores, pássaros, ao inevitável desenvolvimento tecnológico. “Precisamos pensar na construção de um projeto participativo de um plano para quem vive, quem investe e quem usa o bairro. A partir disso, podemos pensar quais os instrumentos que vão estar de fato a serviço deste plano. Pode ser que seja o zoneamento, pode ser que seja o tombamento e tudo o que quisermos inventar”, explica Raquel Rolnik.


Se a moda pega, adeus subprefeituras, adeus corrupção, adeus desvio de verba... (salve a Internet!!!).

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Os Donos da Rua













Na sexta, 2 de novembro – Dia de Finados –, rolou a ‘Fiesta da Vila’, evento de extrema importância para a Vila Madalena. Na esteira do Parque Linear que todos defendem (resgate do submerso e judiado Rio Verde que percorre várias ruas, inclusive os becos Aprendiz e Batman) houve uma democrática ocupação de vias e vielas que jazem na sujeira do esquecimento.
Iniciativa do Projeto Aprendiz, da construtora Idea! Zarvos e de várias organizações, o objetivo do Parque, além de reverter o impacto ambiental causado pelo Consórcio Via Amarela (metrô), é transformar áreas degradadas em polos culturais. Os grafites dos becos – verdadeiras obras de arte – convivem com o vandalismo predatório e lixo, muito lixo.

Para medir o grau de abandono do vigoroso Rio Verde – que em época de chuva transborda e provoca pânico –, basta ver o trecho aparente no Beco do Aprendiz e observar os inúmeros canos brancos de esgotos clandestinos. Com a força das chuvas, tudo transborda em níveis assustadores. Segundo a urbanista Raquel Rolnik, em entrevista ao jornal O Estado de SP, ‘as áreas mais atingidas pela tempestade do Sandy, nos EUA, foram aquelas aterradas sobre os rios’.

O Parque, com jardins, ciclovia, quadras, etc, resolverá o problema das enchentes, do excesso de carros, trará segurança, lazer, e qualificará o trabalho de artistas concentrados na região que imprimiram no bairro o caráter cultural.

Independentemente do projeto, no entanto, a simples ocupação de becos e trechos ermos por comerciantes e artistas aos fins de semana e feriados já ergue uma bandeira de apropriação devida e autêntica dos espaços públicos ociosos, negligenciados pelo poder público desde sempre.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Especulação






Fiquei chocado ao passar em frente à casa do músico Brunitz e vê-lo sobrepondo com tinta branca uma das artes que mais gostava. Uma artista canadense havia imprimido a soberba índia nórdica em seu muro. Fui à casa do artista Sérgio Fabris, ali pertinho, e juntos, fomos tirar satisfação.
“É pessoal, parte o coração ter que fazer isto”, diz Brunitz. “O dono do imóvel exigiu.”
Entramos na casa, transformada em stúdio de VT, onde ele morou por oito anos. “O proprietário duplicou o aluguel, sem acordo. Não posso pagar”, explica, enquanto aponta as incontáveis reformas, adaptações e texturas que fez. “Tá difícil morar na Vila!”

Fotografei a pintura algumas vezes. Está eternizada... E será emoldurada.

Brunitz (bandadaesquina.com)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Fusão










Sou suspeito para falar, já que gosto muito do trabalho de Daniela Saraiva e Sergio Fabris. Dani, arte em muitos padrões, tem em produtos referência do séc. XVIII – ‘Tons do Brasil’. “Às vezes pinto algum ícone tribal e chego a ter medo do significado. Este, por exemplo, invoca o medo”, aponta. Ela intervém em diversos suportes como madeira, tela, parede... Só vendo... e tocando! Pode.
Já Sérgio, bom, basta um passeio para encontrar várias obras suas estampadas pelas paredes do bairro. Sua verve artística – e os tentáculos (rs) – abana paisagens urbanas e objetos tridimensionais.

O que mais gosto é que se conheceram neste ambiente, ao estilo Camille e Rodin – e decidiram juntar-se em ateliê.

R Medeiros de Albuquerque, 313. (www.danielasaraiva.com.br) (sergio-fabris.blogspot.com.br)

Elétrico







A galera da Choque Cultural expõe as obras do grafiteiro João, vulgo Nove. A experiência de ser pai de uma menina e o processo de suportar a demanda – escassa – de mercado fez de Nove um pássaro ao estilo alcatraz. É meu vizinho e falo dele com propriedade. Enquanto passeia com a filha ao redor da piscina – eu, forte, na academia –, pede silêncio quando a pequena adormece. E continuamos o diálogo acrescentando sinais à linguagem surdo/mudo. Suas pinturas lembram muito o aprisionamento e o prazer de mãe (dos pais) frente a um novo ser. E são, simplesmente, belas!
Seu trabalho pode ser visto tanto no acervo da Choque (R Medeiros de Albuquerque, 250), quanto na galeria propriamente dita (R João Moura, 997).

www.choquecultural.com.br

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PrimaVila








Nessa época do ano, a flora dá a graça no paisagismo ‘natural’ que cobre as ruas da Vila. Cores e formas soberbas despontam a cada esquina. Caminhar pelo bairro em dias de Sol torna-se uma terapia; comer os frutos do pé, um luxo para poucos...